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100 anos de "O Eu e o Isso" (Freud, 1923)

Texto inovador de Freud, publicado em abril de 1923, coincide com a descoberta de seu câncer, doença que determinará mudanças importantes em sua relação com o tempo, a vida e sua obra. Esse texto se situa no prolongamento de "Além do princípio de prazer" e compõe, com outros textos desse período, modificações em sua concepção do aparelho psíquico. Observamos um primeiro deslocamento relativo à instância do Eu (Ich) que, em parte, é inconsciente. “Reconhecemos que o Ics não coincide com o recalcado; continua certo de que todo recalcado é Ics, mas nem todo Ics é recalcado.” Um segundo deslocamento se dá pela introdução de um neologismo, o Isso (Es), instância pulsional em oposição ao polo egóico da percepção, o eu corporal concebido como “a projeção de uma superfície”. Um terceiro deslocamento é feito pela introdução do segundo neologismo, o Supereu (Überich), ou seja, sentimento inconsciente de culpa. A complexa relação entre essas três instâncias constitui sua segunda tópica, articulada ao dualismo das pulsões de vida e de morte. Enfim, trata-se de um progresso conceitual com consequências em seu modo de conceber a clínica psicanalítica.

– Mario Fleig

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