News › Prosa Psicanalítica e Versões: "As Funções do Ódio entre Psicanálise e Filosofia da Educação"

Prosa Psicanalítica e Versões: "As Funções do Ódio entre Psicanálise e Filosofia da Educação"


Data: 27/05

Horário: 15h30

Presencial/Online
Local: Café Brasiliano, Rua Mal. Borman, 82-D - Centro, Chapecó SC

Atividade gratuita e aberta ao público

Convidados:

Bruno Antonio Picoli - Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó. Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), co-líder do Grupo de Pesquisa em Educação, Violência e Democracia - GRUPEVD.

Návia Terezinha Pattussi - Psicanalista, vice-presidente da Escola de Estudos Psicanalíticos.

Inscrever-se

Argumento

Para Freud, o ódio é mais originário que o amor e estaria na base da constituição subjetiva. Diferentemente de algumas vertentes da filosofia que consideram a natureza humana naturalmente boa, para a psicanálise, não há uma conotação moral nas tendências mais primitivas do sujeito, mas, sim, o acionamento de um sistema que visa à liberação de descargas, evitando o desprazer, e buscando satisfação por meio de objetos que a suprem parcialmente Sendo assim, sempre resta algo irrealizado, falho, e o ódio é um dos saldos. Estaria posta aí a origem do ódio? A quais propósitos serve? O que as manifestações de ódio denotam?
O fato é que o ódio nos habita, veladamente ou não, independentemente de haver manifestações de violência, agressividade ou raiva. Manifesta-se, sempre, na enigmática e tortuosa relação com o Outro e com a linguagem, decorrente de uma falha, de uma fenda, que rompe com o idílio da completude.

- Návia Terezinha Pattussi

O fascismo, ou seja, o ódio organizado e projetado contra o Outro (a fonte de todo o perigo e incerteza), é a “ultima ratio” do capitalismo, sobretudo hoje, quando ele toma a forma de uma pura religião de culto sem trégua e sem misericórdia. Uma religião que não redime. Todos somos lançados em um cenário darwinista em que a lei do mais forte é a lei geral, embora inscrita em lugar nenhum. O que importa é a própria sobrevivência. No embrutecimento das relações, o Outro é, na melhor das hipóteses, um “contra quem se compete”, e, no extremo, um inimigo.
O ódio organizado em um sistema de crenças, com uma retórica própria e com uma lógica de autoconfirmação e de refutação do interlocutor, tem como mérito salvar o sujeito da dúvida, oferecendo-lhe verdades adaptadas ao seu gosto. Nesse cenário, a questão mais importante para a Educação, hoje, tem a ver com a incerteza, com responder eticamente ao chamado à responsabilidade que emana do rosto do Outro, da violência de sua existência. Tem a ver, portanto, com os perigos e com as alvíssaras do Encontro com a alteridade. Como no poema de Holdering, onde mora o perigo, cresce, também, o que salva.

- Bruno Antonio Picoli

Voltar para News